sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Aids avança em São Luís

SÃO LUÍS - São Luís tem 1.710 registros de AIDS. Este número refere-se ao período de 1985, quando foi diagnosticado o primeiro caso na cidade, até o dia 20 de novembro deste ano e foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus). Das pessoas que têm o vírus HIV hoje, 70% são homens (1.176 casos) e 30% são mulheres (534). Hoje, Dia Mundial de Luta contra a AIDS, serão promovidas várias atividades para alertar as pessoas sobre os riscos e como se prevenir da doença.Do número de casos detectados, 1.661 envolvem adultos e 49, crianças. O que vem preocupando as entidades de proteção às pessoas com AIDS na capital é o número crescente de adolescentes e adultas infectadas. “Hoje, em São Luís, há uma tendência forte a mulheres, adolescentes e até idosos estarem contaminadas. Por outro lado, já não se vê tanta incidência da doença em homossexuais, por conta das campanhas feitas especificamente para eles”, informou o representante regional da Rede Nacional do Programa de Prevenção HIV/AIDS, Wendell Alencar.Em todo o Maranhão, foram registrados 3.311 casos de AIDS. São Luís é a cidade maranhense com o maior número de casos, sendo responsável por 51,6% dos registros. Em seguida, vem Imperatriz, com 507 notificações desde 1985, e São José de Ribamar, com 81. Dos 217 municípios do estado, em 150, já foi detectado, pelo menos, um caso de AIDS. Desde 1985, quando foram registrados cinco casos em todo o Maranhão, o ano em que houve o maior número de notificações foi 2003, com 236 casos. Nos anos seguintes, houve quedas sucessivas no número de registros da doença no estado. A queda no número de casos de portadores de HIV não significa, necessariamente, que a doença deixou de ser uma preocupação das autoridades. Até porque, segundo várias instituições ligadas ao combate da doença, não se pode falar hoje em grupo de risco, mas sim em comportamento de risco. Um outro fenômeno, segundo as entidades, é justamente o aumento do número de casos entre mulheres e heterossexuais. “A doença tem avançado, principalmente, entre as mulheres e no interior. Este fenômeno é provocado por vários fatores que vão desde a falta de informação, dificuldade de acesso a farmácias, hospitais, adoção de métodos de prevenção a até confiança extremada (relação sem o uso de preservativo) de algumas pessoas sem seus respectivos parceiros”, assinalou a coordenadora do Programa Estadual de DST/AIDS, da Secretaria Estadual de Saúde, Sílvia Viana.Um exemplo desse tipo de caso é o da dona-de-casa Maria Bernarda de Carvalho, 50 anos, que morava no povoado Caxirimbu, a cerca de 10 km da sede do município de Caxias, e descobriu que tinha AIDS há aproximadamente seis anos, quando estava com uma outra doença sexualmente transmissível: herpes. “Na época, eu estava em estado avançado de herpes e recomendaram que eu fosse a um hospital em Teresina fazer alguns exames médicos, inclusive o de HIV e foi aí que descobri que era soropositiva. Quando soube, fiquei assustada, mas, depois disso, entrei em um acordo com o meu marido e resolvemos nos cuidar juntos’”, contou ela.Um detalhe é que, quando foi descoberto que Maria Bernarda era portadora do HIV, toda a comunidade de Caxirimbu fez um abaixo-assinado para expulsá-la do local, com medo de que também pudessem ser infectados. A exclusão e o preconceito foram o estímulo necessário para ela montar uma associação que ajuda portadores de HIV em Caxias (Associação de Portadores do Vírus do HIV Onde Há Vida, Há Esperança). “Fiz a minha parte e, agora, mais ligada a Deus e aos meus ideais, tenho mais vontade de viver”, afirmou ela.

Fonte: O Estado do Maranhão (01/12/2006)

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